Pegos de surpresa, com um misto de resignação, incompreensão
e espanto, a notícia da renúncia do Papa Bento XVI, 265º Sucessor de Pedro, tem
trazido consigo uma enxurrada de notícias e inúmeras teorias para tentar
explicar os motivos que levaram o Sumo Pontífice a tal decisão.
Teorias sensacionalistas sobre supostos prejuízos no Banco
do Vaticano, a velha e surrada acusação contra sacerdotes infiéis aos seus
votos de celibato e castidade, acusações de posturas ditas retrógradas frente
há um mundo leviano, superficial, e exacerbadamente hedonista,
insinuações de divisão dentro do Colégio Cardinalício, denúncia de evasão de informações confidenciais por pessoas de confiança do Bispo de Roma somam uma parte das especulações que vem inundando a mídia ávida por uma explicação, minimamente inteligível, das nuances que levaram o nome mais elevado da maior e mais antiga instituição existente no planeta, a renunciar a um dos postos de maior destaque na Terra.
insinuações de divisão dentro do Colégio Cardinalício, denúncia de evasão de informações confidenciais por pessoas de confiança do Bispo de Roma somam uma parte das especulações que vem inundando a mídia ávida por uma explicação, minimamente inteligível, das nuances que levaram o nome mais elevado da maior e mais antiga instituição existente no planeta, a renunciar a um dos postos de maior destaque na Terra.
É espantosa a repercussão e a proporção que tomou este
singelo ato. O Santo Padre, ao anunciar sua decisão, fundamentou-a nestas
exatas palavras: "Após ter examinado
perante Deus reiteradamente minha consciência, cheguei à certeza de que, pela
idade avançada, já não tenho forças para exercer adequadamente o Ministério de
Pedro. Sou muito consciente que este Ministério, por sua natureza espiritual,
deve ser realizado não unicamente com obras e palavras, mas também e em não
menor grau sofrendo e rezando".
Tal justificativa caiu como uma bomba na imprensa e na
mídia, que não admitem, ou não querem admitir, que o motivo seja tão singelo.
Isto não espanta, ao contrário, é compreensível, visto que o Mundo Secular, há certo
tempo, não compreende o que significa “renúncia”. Esta simples expressão não
encontra eco na sociedade atual. Esta geração não está adaptada a renunciar.
Vemos nos dias atuais famílias se dissolvendo porque o Pai
não consegue renunciar a algumas horas de trabalho para estar com os entes
queridos, pois necessita trabalhar e acumular riquezas a todo custo. Mulheres
não renunciam ao sonho feminista de estarem em extremo pé de igualdade com seus
maridos, competindo com eles em suas atividades profissionais à mercê da
convivência dos filhos. Não se têm tempo para convivência familiar. Jovens
unem-se em relacionamentos volúveis para não renunciar aos prazeres que a atual
sociedade lhes oferece. Governantes eternizam-se no poder, enfim, o mundo
contemporâneo desconhece o verbo renunciar.
Entretanto, toda a Doutrina Católica é fundada na Renúncia. Nestes
últimos dias, ao realizar minhas meditações Bíblicas me deparei com o seguinte
texto: “Em seguida, Jesus disse a seus
discípulos: Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz
e siga-me”. (São Mateus 16,24).
No mesmo instante, tudo passou a fazer sentido. O Santo
Padre decidiu tomar a sua cruz, renunciar a si mesmo e seguir a Jesus! Ao
relatar seu estado frágil, sua saúde conhecidamente debilitada, o peso dos anos,
além de ter sob os ombros uma Igreja com mais de um bilhão de fieis, o Santo
Padre tomou a sua Cruz em direção ao calvário pessoal, enfrentando sua
realidade temporal.
Ao renunciar ao Primado de Pedro, Bento XVI renuncia a si
mesmo, pois após ser Papa ele não pode mais voltar a ser o Cardeal Joseph
Ratzinger retomando às antigas funções. Também não poderá exercer o Primado de
Pedro. Desta forma o Sumo Pontífice, abre mão de toda sua trajetória histórica,
renunciando a si mesmo.
Em seu último discurso, ainda a pouco (por volta de 13:45h
do dia 28/02/2013, hora do Brasil), Bento XVI disse: "não serei mais Papa, mas apenas um peregrino que começa a última
etapa de sua peregrinagem na terra" , demonstrando claramente sua
opção por tomar sua cruz em direção ao Senhor Jesus, reservando-se à meditação
e oração.
Não esperemos a compreensão de um mundo que se esqueceu do
significado de “renúncia”, de um mundo que desconhece o fundamento da fé cristã:
o servir, e não ser servido. Não esperemos que a mídia acostumada ao exercício
do poder entenda ser possível que o Sumo Pontífice de uma Igreja com mais de um
bilhão de fieis possa simplesmente se despedir dizendo voltar a ser apenas “um peregrino” e ainda prometendo “reverência e obediência incondicional” ao
Papa a ser eleito.
Bento XVI, o Papa Conservador que revolucionou a
Igreja, o Senhor tem total apoio daqueles que sabem o significado de “renúncia”,
e que compreende que o Primado de Pedro é um serviço e não um poder a ser
exercido. Rogai por nós, Sua Santidade sempre para sempre Papa, Bento XVI!
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