20 de janeiro de 2011

Os perigos da Teologia da Prosperidade

 Amados Irmãos, Paz e Fogo!

Todos nós já tivemos a oportunidade de presenciar ou até mesmo escutar discursos ligados a teologia da prosperidade. No meio evangélico, é bem comum algumas denominações cristãs fundarem suas pregações nas raízes dessa teologia. Não é difícil encontrarmos pessoas que deixam a Igreja Católica, ou mesmo mudam de denominação ou de congregação protestante, atraídos por este discurso que garante: se ele for fiel a Deus e servi-lo com fé, Deus o cumulará de bênçãos. Quanto mais abençoado for, mais próspero será. Este é um pensamento tipicamente protestante. Se você prospera é porque está sob a proteção de Deus. Se você não prospera é porque está fora da graça de Deus.

Tal teologia nem de longe coaduna com os ensinamentos de Jesus.
Vemos isso muito claro em Mt. 6,19-21, quando o Senhor exorta: “¹9 Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e as traças correm, onde os ladrões furam e roubam”. Jesus ainda reafirma esta atitude várias outras vezes, como na parábola do homem rico (Lc. 12, 13-21). Em mais uma oportunidade, Jesus sedimenta sua posição e ao ser interpelado pelo jovem rico (Lc. 18, 18-23), sentencia, se queres possuir a vida eterna “vai vende tudo o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro nos céus, depois vem e segue-me”. Assim resta claro que ter mais posses ou menos posses não é critério de santidade. A conversão não está fundada em trocas entre Deus e o homem, mas em uma profunda mudança de Vida. Conversão não é mudança de religião, mas sim, mudança de vida. Conversão é se colocar sob a direção de Jesus tendo-o como Senhor e salvador, crendo em sua Palavra e vivendo seus ensinamentos, buscando a santidade e a retidão. Isso está acima da condição econômica.

Amados, para aqueles que conhecem a Palavra, não é muito difícil ver que a fundamentação da Teologia da Prosperidade não encontra respaldo nos ensinamentos de Jesus.  De fato, a grande preocupação que me move a escrever esta exortação vai além da questão econômica. O discurso econômico desta teologia não encontrou muita aceitação e rapidamente é rechaçado por todos os que conhecem minimamente as escrituras.

Precisamos, entretanto, nos alertar para as facetas desta Teologia. Hoje a Teologia da Prosperidade tem se proliferado em nosso meio de uma forma muito sutil, através da “teologia da retribuição”. Atualmente nos achegamos a Deus não porque ele é Senhor e salvador. Não porque desejamos uma conversão ou para adorá-lo. Temos muitas vezes nos achegado a Deus pelo que ele pode nos dar. Nossos discursos e buscas têm se resumido em trocas com Deus. Eu serei fiel a ti e te servirei em troca de uma “benção”. Eu me apego a ti se me deres a cura, a libertação. Eu venho à presença de Deus em troca de um emprego, da solução para os problemas etc.

Amados, cuidado! Deus não procura comerciantes de bênçãos. Eu dou a Deus, mas em troca eu espero algo, não! Vá ao Senhor de forma gratuita. Vá a Jesus não pelo que ele pode lhe oferecer. Busque ao Senhor de coração. Isso sim é conversão. Não corra atrás de milagres. Busque desinteressadamente ao Deus que tem autoridade sobre todas as coisas. Adore ao Senhor em Espírito e em Verdade, pois são esses adoradores que alegram o coração do Pai. “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo” (Mt. 6,33).   

8 comentários:

Andrei Barêa disse...

Muito legal seu texto, já divulguei pra todo lado! Estou combatendo fortemente também essa teologia do inferno! como é que Jesus quer alguém rico se nasceu pobre, viveu pobre e morreu pobre como um "derrotado"??? Ele mesmo disse que seu reino não é deste mundo, não é?!
Deus abençoe!

Andrea Vermont disse...

Querido irmão, respeito sua opnião, mais acho de pouca profundidade no real problema e injusto em suas GENERALIZAÇÕES, colocando tudo e todos num "mesmo saco". Creio que a Teologia da prosperidade,explicada de forma muito superficial e até ingênua do ponto de vista conceitual por vc, não é em nada mesmo coerente com a vivência real do cristianismo pregado por Jesus, assim também como a prática do julgamento tão condenada também por ele(vide Lucas 6,37, Tiago 4,12,Romanos 14,4, Mateus 6,23 e 20,15,etc). Creio irmão que deveríamos gastar nosso tempo aprofundadAndo na palavra de Deus e deixando que ela seja realmente libertadora, em todas as suas nuances, não apenas naquelas que convém a nossa 'míope religiosidade' ou RELIGIÃO.
Um abraço e espero mesmo que vc se sinta livre para moderar e publicar este comentário. Fica na Paz daquele que viveu e morreu para nos ajuntar e não o contrário.
Andréa Vermont

Pedro Henrique disse...

Salve Maria!

Interessante! O texto aborda a questão da teologia da prosperidade, não amplamente, mas está claro. Expõe também uma situação perigosa que acontece com frequencia nas paróquias, o qual o autor chama de “teologia da retribuição”, que significa você ir na igreja em troca de graças, como os que gostam de ficar fazendo votos, promessas etc., porém sem uma piedade íntegra, mas aquela falsa piedade. Penso que esse tipo de coisa ocorre muito por causa de uma má doutrina, uma péssima catequese. Um sujeito desse não entende nada de fé católica ou então é muito hipócrita com Deus.

O texto chama a atenção de que é preciso "nos alertar para as facetas desta Teologia". Sim, mas se entendermos a doutrina católica, então não há o que temer com relação a isso. A teologia da prosperidade é protestante e o protestantismo é heresia. Sua conjuntura se afasta da luz de Cristo.

"Todos nós já tivemos a oportunidade de presenciar ou até mesmo escutar discursos ligados a teologia da prosperidade. No meio evangélico, é bem comum algumas denominações cristãs fundarem suas pregações nas raízes dessa teologia. Não é difícil encontrarmos pessoas que deixam a Igreja Católica, ou mesmo mudam de denominação ou de congregação protestante, atraídos por este discurso que garante: se ele for fiel a Deus e servi-lo com fé, Deus o cumulará de bênçãos."

Realmente, as pregações no meio protestante (evangélicos somos nós) são nocivas, jamais conseguirão transmitir a integridade da fé por meio de sua religião.

Numa outra oportunidade seria muito oportuno publicar algo como: "Os Perigos da Teologia da Libertação". O tema é ótimo e o assunto poderá alertar os católicos que sofrem com tão perigosa teologia. Outro tema que ficaria muito bacana: "Os Perigos da Teologia Modernista" ou então "Os Perigos da Teologia Heterizada".

Caso for escrever sobre a problematica do modernismo e suas facetas, seria interessante estudar a Carta Encíclica Pascendi Dominici Gregis, publicada pelo Papa São Pio X em 1907.

"Nesta encíclia, S. Pio X faz uma exposição magistral do sistema modernista, que pode ser definido como um compêndio de todas as heresias. Condena, entre outras: o agnosticismo, a imanência religiosa e seu sentimento religioso, a evolução dos dogmas, etc."


=)


Sem a integridade da fé é impossível agradar a Deus.


Minhas orações!

Em Cristo,
Pedro Henrique.

Daniela Barêa disse...

Amado Léo, como dizia o Padre Paulo Ricardo numa pregação em Cuaibá: "Jesus não morreu e deixou mansões, carrões e nem iates..."
A Palavra nos diz algo intrigante: "As raposas tem suas tocas e as aves dos céu, seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça" Mt 8-20
Valeu amado pela sábia exortação!
Dani Barêa - Missão IDE- MT.

Léo - Missão IDE disse...

Amada Andréia, o objetivo do texto nem de longe é de se aprofundar ou esgotar o assunto, até porque o tema é complexo e profundo. Não tenho a pretensão de esgotar um assunto defendido e combatido por inúmeros teólogos. O objetivo maior não é discriminar nem apontar erros e acertos, apenas alertar para que não vivamos uma busca de Deus baseada em trocas superficiais. Devemos buscá-lo abnegadamente. Se não nossa espiritualidade será vazia.

Gil Monteiro - Missão IDE São José dos Campos/SP disse...

Se Jesus vivesse como homem em nosso tempo, igual quando viveu em seu tempo, com certeza ele condenaria a teologia da prosperidade que se baseia numa interpretação errada do Antigo Testamento onde o pobre nunca encontra salvação... Aliás, Jesus seria o exemplo claro de homem amaldiçoado, exatamente como foi visto para os judeus da época.
abraço pra ti, Léo!
Gil Monteiro

boeira disse...

Salve Rainha.

Muito bem comentado, muitos de nós temos a certeza que Deus proverá na hora certa e por isso pedir pra que Deus abençoe nossa vida, nosso irmão, as pessoas que vivem na rua, nossa família, nossa saúde, são coisas normais em nossa vida de cristão. Portanto o Senhor Jesus Cristo nos ensina que o amor é o primeiro de todos e a primeira atitude de Jesus foi amar aos irmãozinhos na terra.
I timóteo 6;

6. Sem dúvida, grande fonte de lucro é a piedade, porém quando acompanhada de espírito de desprendimento.
7. Porque nada trouxemos ao mundo, como tampouco nada poderemos levar.
8. Tendo alimento e vestuário, contentemo-nos com isto.
9. Aqueles que ambicionam tornar-se ricos caem nas armadilhas do demônio e em muitos desejos insensatos e nocivos, que precipitam os homens no abismo da ruína e da perdição.
10. Porque a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro. Acossados pela cobiça, alguns se desviaram da fé e se enredaram em muitas aflições.
11. Mas tu, ó homem de Deus, foge desses vícios e procura com todo empenho a piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão.
12. Combate o bom combate da fé. Conquista a vida eterna, para a qual foste chamado e fizeste aquela nobre profissão de fé perante muitas testemunhas.
Além do mais, a igreja de Cristo prega o amor, pois só o amor(ágape) é que resta quando morremos, conforme Pe. MArcelo Rossi.
Graça e Paz, Deus os abençoe.

Zélia Guardiano disse...

Maravilhosos este texto!
Vem ao encontro do que sempre pensei. Acho temerosa a pregação religiosa que gira em torno das bênçãos materiais como recompensa pela fé.
A Teologia da Prosperidade pode afastar o homem da caridade e da misericórdia.

Abraço
Zélia Guardiano